sexta-feira, 20 de agosto de 2010

A Fábrica de Gravatas: Relatos do Confinamento


Textura do piso da Fábrica

Textura da parede da Fábrica com janelas

Objetos do deserto.

Nuvem

Textura da cúpula

Estamos numa etapa avançada da pós-produção do filme, embora tenha muito ainda por fazer. Entretanto, como já avançamos muito no processo, já posso definir melhor neste artigo qual a técnica que estamos utilizando. Como disse em textos anteriores, somos autodidatas e, devido a isso não fazíamos ideia de como seria nosso processo, nem o seu resultado. Combinamos vagamente, antes do início da pós-produção e através de emails, qual seria a função de Renato e a minha, e nada mais.

Quando nos reunimos e montamos nossas máquinas nos primeiros dias de confinamento, definimos que usaríamos o Photoshop para editar as imagens e criar as texturas, o After Effect para montar os cenários, animar alguns elementos, recortar o croma dos vídeos e aplicar movimento de câmera, e o 3DMax somente para criar e texturizar os objetos da primeira cena, onde a personagem principal caminha por um longo deserto repleto de imensos objetos metálicos. O Boujou serviria para mapear o movimento de câmera realizado nas gravações. O Premier seria usado para fazer a montagem final de tudo e o render do filme para o formato de DVD.

Foi combinado que a fábrica e todo o seu interior seria feito em 2D e montado de forma a simular um efeito em 3D. Para tanto, eu teria que criá-la pensando exatamente na técnica que decidimos utilizar, pois algumas figuras seriam impossíveis de aplicar neste processo. Foram diversas folhas de rascunho e desenhos, ficando definido nessa situação cada detalhe. De maneira que tive que imaginar os objetos “abertos” e criar suas texturas no Photoshop. Para quem tiver interesse em como eram essas imagens, postei algumas delas no meu blog (www.aventurasdavidacomum.blogspot.com).

Concebemos o desenho de uma grande estrutura de ferro em que serão montadas as paredes, o telhado, o céu, as nuvens, o piso do deserto e da fábrica, a cúpula, a esteira e mais alguns detalhes, como canos, estruturas metálicas, entre outros. A partir de então, iniciei a criação das texturas desses elementos, enquanto Érik deu início à montagem do filme, selecionando as cenas de que havia gostado e definindo o rumo, ritmo e cadência da narrativa. Renato preocupou-se com o cromaqui, que como já citei anteriormente, tinha diversas falhas em sua pintura e imensas sombras que impediam que o resultado ficasse perfeito.

Em seguida, Renato iniciou o processo de montagem dos objetos no After “dobrando” as partes abertas, e deixando-os com aparência de um objeto 3D. A mim coube o papel de montar imagens de referência do cenário e personagens no Photoshop. Eu tive que definir onde ficaria cada elemento, a localização da linha do horizonte e o tamanho de cada personagem dentro da composição da cena. Um processo exatamente de composição, semelhante ao que faz um pintor diante da dimensão de sua tela branca.

Concomitantemente Érik passou a dispor e a mover os elementos do deserto no 3DMax, de acordo com a localização e a perspectiva de cada plano. Neste mesmo programa foi aplicada uma textura de metal enferrujado a todos os objetos e por fim capturado a sua imagem para ser tratada no Photoshop e montada no cenário no After, junto às texturas do piso, do céu e das nuvens. Assim, cada elemento foi colocado junto ao vídeo dos personagens, de acordo com as imagens de referência montadas no Photoshop. A primeira cena - a maior de todas – já está toda completa. Restam agora as outras cinco cenas do filme.

O processo seguinte, depois da composição de todas as cenas, é a correção de cor, a aplicação das “manchas”, para dar a sensação de que se trata de um filme filmado em película (semelhante aos vídeos do início do século XX) e a animação dos objetos. Por fim, será feita a diminuição da quantidade de frames-por-segundo de 60 para 18, deixando o movimento dos personagens mais rápido, semelhante ao antigo cinema mudo. A junção entre o contemporâneo (representado pelo uso das tecnologias digitais) com o antigo (o movimento acelerado e as manchas das películas) foi o eixo norteador que criamos para definir a estética que aplicaríamos ao filme.

Posteriormente Renato irá montar todas as cenas no Premier. Tone Ely vai colocar e sincronizar a trilha que ele vem criando e vamos finalizar todo o processo com o render do filme (processo que vai demorar algo em torno de dois dias, tendo em vista os computadores que estamos usando). Depois é só comemorar e entrar em estado de hibernação, para ver se conseguimos descansar e recuperar toda energia desprendida neste longo e cansativo processo.

Um comentário:

Tone Ely disse...

Valeu pelo texto Elô...
Estou aqui capturando as últimas inspirações pra arrematar.

hehe..
Abraço!