quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Foram todos feitos a mão

(As banhistas, de Renoir)

Foram todos feitos a mão
Artigo publicado no site de notícias Paraíba Online


A variedade de rostos com que nos deparamos todos os dias é magnífica. Um complexo heterogêneo de pessoas caminha exibindo as excentricidades dos formatos dos seus narizes, das profundidades dos seus olhos, da mobilidade dos seus lábios e das multiplicidades de suas cabeças, orelhas e cabelos (ou sem eles). Levam à mostra um rosto que é só seu, e que, previamente, define sua individualidade. Alguns nos causam encanto, e outros, curiosidade, mas todos eles, de fato, poderiam ter saído de quadros de algum grande artista, por se assemelhar ao traço ou à alma deste.


As faces fincadas pelo tempo e pelo sofrimento poderiam ter sido pinceladas por Caravaggio. O realismo destes semblantes revela-nos que a vida é fugaz e que por isso mesmo ela deve ser vivida. São rostos que fitam seu observador com o mesmo olhar que assumiu a cabeça do Golias segurado por Davi em um dos quadros do pintor. Os olhos permanecem entreabertos e distantes, com a boca descerrada, porém, sem emitir nenhuma espécie de ruído.


Os bêbados certamente fugiram dos quadros de Frans Hals. Um pintor flamengo de nascimento, entretanto, holandês por escolha e autor do quadro O Alegre Bebedor. As pinceladas leves que compõem a obra transmitem movimento, vivacidade e otimismo, tudo que encontramos nos bêbados enquanto ainda estão embriagados.


Àquelas belas mulheres corpulentas que caminham pelo Açude Novo deveriam ser assinadas por Renoir, quando este estava em sua maturidade. A graciosidade e leveza dos corpos nus das moças rechonchudas no quadro As Banhistas enaltecem este tipo de beleza, contrariando a exaltação da magreza nos tempos contemporâneos.


O senhor com olheiras profundas e ares carregados encostado em frente do seu pequeno negócio foi obra de Rembrandt, pintor marcado por exprimir a alma dos retratados em seus quadros. O tom sombrio com que ele nos olha ao passarmos, sem deixar de lado seu sorriso cínico de canto de boca é idêntico ao do Retrato de Nicolaes Bruyningh feito por Rembrandt. Notamos que na calçada repleta de pessoas ninguém quer se aproximar muito dele, mas pasmem, ele pode ser um bom homem.


Por se tratar de um país tropical, o que não falta é mulheres pintadas por Gauguin. O calor característico da região propicia aos corpos que fiquem expostos, exibindo suas curvas e formas delineadas. Não é complicado caminhar pela rua e deparar com jovens semelhantes às Jovens Taitianas com Flores de Manga pintadas pelo artista. Os seios talvez não fiquem totalmente expostos, mas delicadamente podemos notar suas formas devido ao decote.


Assim vão atravessando-nos o caminho todos os dias uma infinidade de rostos e corpos diferentes entre si, embora semelhantes a indivíduos retratados por grandes pintores de épocas e culturas distintas. Evidentemente não são idênticos, pois não poderiam mesmo o ser. Em se tratando de pessoas, uma coisa é certa: embora algumas delas se pareçam, elas nunca são iguais.


segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

NA EXTREMIDADE DA "ONDA CÔNCAVA DO MAR PROFUNDO"




“Desde a idade de seis anos eu tinha mania de desenhar a forma dos objetos. Por volta dos cinqüenta havia publicado uma infinidade de desenhos, mas tudo que produzi antes dos sessenta não deve ser levado em conta. Aos setenta e três compreendi mais ou menos a estrutura da verdadeira natureza, as plantas, as árvores, os pássaros, os peixes e os insetos. Em conseqüência, aos oitenta terei feito ainda mais progresso. Aos noventa penetrarei ao mistério das coisas, aos cem, terei decididamente chegado a um grau de maravilhamento – e quando eu tiver cento e dez anos, para mim, seja um ponto ou uma linha, tudo será vivo.” (Katsuhika Hokusai 1760-1849).

Estas são as palavras do mais conhecido pintor de estampas japonesas, responsável por obras que encantaram até mesmo os pintores expressionistas, em especial Van Gogh. A magnitude dos temas, a força das cores, assim como o processo de produção destas obras-primas comporta grande parte de sua complexidade artística, indicando o fascínio como são disputadas por colecionadores mundo a fora.
Para que as estampas japonesas ficassem prontas, era preciso o talento de três artistas que trabalhavam na mesma obra: O desenhista, o gravador e o impressor. O primeiro, era quem ficava com os créditos, notadamente por ter sido o criador da imagem a ser gravada. Era ele quem transmitia, através dos traços de seus desenhos, significados e vida aos objetos retratados. A força ou a leveza da composição era proveniente da mente deste artista. Hokusai era um destes mestres.
Por outro lado, o gravador, embora já apanhasse o desenho pronto, em preto e branco, detinha grande importância para o resultado final das estampas. Ela ele quem fixava o desenho em um bloco de madeira de cerejeira da montanha e, pacientemente, ia talhando-a a fim de deixar os traços do desenhista em alto relevo na madeira. O processo se assemelhava ao da xilogravura característica da literatura de cordel.
Havendo o gravador trabalhado a madeira, cabia agora ao impressor tirar as primeiras provas e em seguida, compor novos blocos, cada um para uma cor. É neste processo que fica evidente o talento deste artista. Ele deveria manter um registro correto das cores, conservar uma pressão uniforme em superfícies de cor lisa, graduar e sombrear as cores pela maior ou menor limpeza do bloco, entre outras atividades complexas.
Os temas trabalhados nas estampas variavam muito. Faziam desde estampas eróticas até reproduções das fisionomias dos mais famosos lutadores de sumô. Também trabalhavam com estampas de pássaros, flores, cenas com personagens heróicas ou lendárias, paisagens, entre outros. Registraram, desta forma, aspectos culturais e sociais do Japão das épocas em que foram elaboradas.
Uma das obras mais famosas de Hokusai foi “A onda côncava do mar profundo”, pintada no fim da década de 1820. Nesta estampa observa-se uma onda monstruosa que se ergue de crista crispada em garras de espuma que parecem querer estender-se a ponto de engolir três barcos compridos e frágeis, que insistentemente direcionam-se contra as ondas. Os homens dos barcos são apresentados de maneira insignificantes diante das ondas impetuosas. O pico do Fuji está retratado ao longe, destacando seu azul sobre o cinza do céu, porém, confundindo-se com as ondas pintadas no primeiro plano. Embora se trate de uma imagem inerte, nota-se o movimento furioso com que as ondas sacodem os barcos e seus tripulantes. Hokusai pintou essa obra por volta dos sessenta anos, em plena maturidade artística e existencial.
Embora tenha defendido que somente aos cento e dez anos consideraria vivo um ponto ou uma linha, é certo que já quando elaborou “A onda côncava do mar profundo” Hokusai estava perto desta perfeição. A vivacidade dos traços remete-nos para dentro da onda, ao lado dos pequenos homens em seus barcos, e metaforicamente poderíamos afirmar que aqueles somos nós, resistindo firmemente às dificuldades, pois maior do que as ondas e sua força é nossa vontade de continuar vivendo, de continuar enfrentando tudo aquilo que se apresenta maior e mais forte do que nós mesmos. Ao vencer a onda azul, distante do céu triste e cinzento, podemos nos deparar somente com um mero traço ou uma linha frágil. Se ambos estarão vivos é algo que Hokusai não pôde responder com esta obra; a resposta encontra-se na extremidade da onda côncava. Cabe a nós transpô-la.

PRESENTE DE ANIVERSÁRIO DE CINCO ANOS


Este foi o presente que dei ao meu filho no dia do seu aniversário de cinco anos. Trata-se de uma obra da exposição clássicos à nanquim, porém, pintada com lápis de cor aquarelável. O resultado ficou excelente.
Pablinho adorou. Disse que ia guardar até ficar velhinho, com vinte anos de idade (ele pensa que eu já sou um idoso rsrsrsr).
Acredito que presenteá-lo com quadros é a melhor maneira de aproximá-lo da arte. E quanto mais próximo da arte, mais perto estamos de nós mesmo.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Calvin e Haroldo





Calvin é um garoto de seis anos de idade cheio de personalidade, que tem como companheiro Haroldo, um tigre inteligente, que para o Calvin está tão vivo como um amigo verdadeiro, entretanto, para os outros não é mais que um tigre de pelúcia.

Criado Por Bill Watterson em 1985 e publicada em mais de 2000 jornais do mundo inteiro, já ganhou diversos prêmios, entre eles o Reuben Award da Associação Nacional de Cartunistas dos EUA em 1986 e 1988 .

Watterson abandonou a criação que o tornou famoso em 31 de dezembro de 1995, embora as tiras continuem em publicação em vários jornais mundo a fora.

Calvin foi a maior influência que sofri quando criança. Lembro que foi depois de ler um livro do Calvin que decidi que queria ser quadrinista, e logo em 1996, com apenas doze anos, criei um personagem nitidamente inspirado nele, chamado Drio. Então, se o Baratão, entre outros personagens, existem hoje em dia, é graças a mente imaginativa deste garoto e seu inseparável amigo Haroldo que me fizeram sonhar junto com eles.