sexta-feira, 13 de agosto de 2010

A Fábrica de Gravatas: Relatos do Confinamento (perdi as contas)


Echer



Algo em torno de 24 horas sem dormir. Esse é o tempo que passei sem pregar os olhos e me atirar nos braços de Morpheu. De segunda para terça (09 a 10 de agosto) tive diversas coisas para resolver, à parte dos trabalhos do Fábrica de Gravatas (FG). Uma animação chamada “Campina Grande City”, que comecei em 2008 e somente terminei em 2009, foi aprovada no Comunicurtas deste ano.

O CG City foi um projeto que idealizei em 2008 depois de assistir à animação Tekkonkinkreet, dirigida por Michael Arias e baseada no mangá “Preto e Branco” de Taiyo Matsumoto. Já em 2009, participaram comigo do projeto Érik Medeiros e Renato Silva, a mesma equipe que trabalha hoje no FG. Também contei com o apoio fundamental do meu irmão Jonathan e do gentil Jorge Ribbas, que compôs solos de guitarra para a ambientação do filme e cedeu seu estúdio na Musidon para que gravássemos as vozes. Também tive a ajuda de Thalita, uma menina que conheci junto a Renato, na Praça da Bandeira no dia em que iríamos gravar as vozes. A menina com quem combinamos faltou, e como estava em cima do prazo de enviar o projeto ao BNB (não aprovado), tivemos que sair no centro perguntando para diversas moças se elas aceitavam participar da gravação. Ela por sorte aceitou e até que cumpriu bem seu papel.

Mas voltemos ao ano de 2010. O prazo para entregar um DVD e uma fita Mini-DV com o material para o Comunicurtas terminava dia 10 de agosto, terça-feira. Como estou nesse ritmo brutalmente severo de produção do FG, não pude preparar nada anteriormente.

Domingo passado (08 de agosto) tive folga do filme, porém não tive descanso do trabalho. Era dia de expor, no Cine São José, alguns quadros que fiz no ano de 2009. A exposição ocorreria dentro de um evento para arrecadar verbas para uma ocupação em Fortaleza e para o próprio espaço. Foi muito divertido, com a participação de outras exposições de Edu Barbosa e Joel Rodriguez. Tocaram neste dia as bandas Cuspe e Ne Koni. Sai do evento esgotado de tanto polgar, mas não suficientemente abatido para a correria que me aguardava no dia seguinte.

Ocorre que no próprio domingo da exposição, antes de sair da casa de Érik, percebi que todos os arquivos do meu antigo computador estavam corrompidos, e, portanto, seria impossível resgatar o Campina Grande City para enviar a comissão do Comunicurtas dentro do prazo previsto em edital. Soma-se a isso o fato de eu não ter nenhuma cópia da animação em mãos, pois a última foi destinada exatamente para a inscrição no festival.

Tive que recorrer a Wedsclay, da DabliuA, uma agência de publicidade aqui da cidade. Lembrei-me que eu havia lhe dado uma cópia em outros tempos, na oportunidade em que nos conhecemos. Voei à Rua João Tavares assim que acordei na segunda, e tive a felicidade de conseguir a cópia que ele carinhosamente guardava em sua casa. Mandou que eu voltasse às cinco da tarde, pois iria pegá-la para mim.

Quando questionei se seria possível fazer a conversão do filme para Mini-DV por lá, Danilo, também da agência de publicidade, me informou onde eu conseguiria esse serviço, pois eles não realizavam este tipo de trabalho. Indicou-me a produtora de vídeo do Chapéu, localizada no edifício Rique. Disse que lá provavelmente conseguiria algo com preços bons.

Já conhecia o trabalho de Chapéu em uma filmagem que eu o vi fazer para um programa no meio da Feira Central, em época de São João. Imaginei que talvez conseguisse algo satisfatório, já que ele me pareceu espirituoso e simpático no dia em que lhe vi com sua câmera em punho.

Fui recebido pelo próprio ao chegar à sua produtora. Expliquei minha situação e disse que precisava urgentemente converter meu filme, mas não tinha como fazê-lo. Ele chamou sua filha Flávia, a quem expliquei novamente minha situação. Ela simplesmente me pediu que levasse a fita no dia seguinte que faria isso sem nenhum custo e com toda boa vontade.

Voltei à casa de Érik nesta mesma segunda com toda disposição de trabalhar no Fábrica de Gravatas, e ficamos combinados que depois de passar a madrugada de segunda para terça na labuta, nos dedicaríamos ao Campina Grande City durante a manhã.

Embora a animação tenha sido concluída no ano passado, como afirmei acima, tínhamos alguns ajustes para fazer nela antes de enviar ao festival. Ocorre que o projeto inicial do CG City era fazer uma série, com vinte e sete episódios, em que situações cômicas ocorreriam dentro do contexto da cidade, a grande protagonista da série. Fizemos o primeiro episódio por conta própria, e passamos a correr atrás de patrocínio e editais para poder realizar os outros vinte e seis. Como não conseguimos quem nos apoiasse financeiramente (pois não faltaram aqueles que adoraram a ideia, mas não possuíam recursos para financiar o projeto), decidi inscrevê-lo este ano no Comunicurtas, para dar visibilidade a este trabalho, e possivelmente, poder concluir os episódios restantes.

Na ideia original, criamos uma vinheta de abertura para a série, onde apareciam alguns pontos da cidade e sua logomarca. Após a aprovação no festival, achamos que a vinheta ficaria perdida dentro daquele episódio de pouco mais de um minuto, e, portanto, teríamos que eliminá-la, colocando suas imagens no corpo do próprio filme. Era exatamente este o trabalho que iríamos nos dedicar na manhã de terça, depois da jornada de trabalho do Fábrica de Gravatas.

Por volta das seis da manhã, paramos para editar o que faltava no CG City. Cansados do trabalho da madrugada, não conseguíamos tomar decisões sobre o que fazer exatamente na animação. Por isso, ficamos até 13h da tarde para concluir tudo e gravá-la em DVD.

Peguei minha bicicleta e parti para a produtora de Chápeu. Gravei a fita Mini – DV e finalmente entreguei no Departamento do curso de Comunicação Social, que possui funcionários prestativos e dispostos a resolver os problemas do seu ofício. Enfim, lá para as nove da noite de terça-feira, consegui finalmente dormir. Agora, renovado e de volta ao Fábrica de Gravatas, entendo, nas devidas proporções, a maneira como os Calvinistas encararam o trabalho, durante o período da Reforma Religiosa na Europa. Quando fazemos o que amamos, o trabalho se torna divino.

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