sexta-feira, 16 de julho de 2010

Onde está a Arte na Arte Contemporânea?

(Damien Hirst)


O estilo denominado Arte Contemporânea - estilo este predominante em nossa época - apresenta-se como uma ruptura dentro da História da Arte. Ele seria resultado de uma sociedade pós-moderna, que se caracteriza pela fragmentação dos indivíduos e suas identidades, devido à diminuição das fronteiras geográficas nas relações sociais, da velocidade das comunicações, da reprodutividade técnica e tecnológica de seu contexto e do espetáculo midiático que sua atualidade dispõe.

Este estilo, voltado a si mesmo, preocupa-se somente em criticar-se, num constante processo de renovação, como se estivesse nascendo, para viver o instante precário e tumultuoso da gestação. É Arte pela Arte, espetaculosa, cheia de glamour – principalmente depois de Warhol – e sem nenhuma base sólida que a sustente. É a Arte sem aura, como apontou Walter Benjamin. Aliás, nem assim poderia ser nomeada, pois, como questiona Henri Lefebvre, estamos engajados em algo que já não é Arte; mas o que será então e qual o seu nome?

Essas reflexões formaram o arcabouço teórico necessário para que eu produzisse dois quadros: Pollock e a Arte de sujar telas (2009) e A complexidade do processo criativo em Duchamp (2009). Eles estarão expostos, junto a outros quadros, no Cine São José, em Campina Grande, no dia 08 de agosto deste ano, em um evento para capitação de recursos para a manutenção daquela ocupação.

Nos quadros citados acima, dois mestres responsáveis pelo encaminhar da Arte Contemporânea são ironizados em seu fazer artístico, refletindo a maneira como essas produções, em especial o abstracionismo, foram pretensiosas ao acreditar que podiam eliminar a presença do artista enquanto homem, numa tentativa de subtrair da obra também sua existência - e a vida como um todo. Esforço em vão, pois o historiador Carlo Ginzburg, em seu livro Relações de Força, já apontou como todo fazer artístico está vinculado ao contexto histórico em que está inserido, e intrinsecamente, relacionado à maneira como o artista interage com sua época.

O que podemos concluir é que no século XXI, a Arte almeja se isolar da vida, perdendo ou negando sua função enquanto linguagem. Não recorda de todo o caminhar de séculos que esta percorreu, nem reconhece a magnitude dos clássicos. É uma arte egoísta, vazia e frágil. Com esses dois quadros, busco incitar reflexões junto aos artistas, estudiosos e contempladores da Arte acerca do fazer artístico. Já diria Benedito Nunes que em cada obra de arte que se produz atualmente está em jogo o destino da arte; em cada uma delas o artista arrisca-se a matá-la ou a fazê-la existir. Então, lutemos pela sua existência!

Jorge Elô

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